Recife, segunda-feira, 7 de março de 2016, 16:00h horário de Brasília. Estamos partindo do Porto do Recife com destino a Santa Cruz do Tenerife. É a travessia do Oceano Atlântico. Serão a partir de agora seis dias e seis noites navegando sem parar, somente mar e céu serão nossos companheiros. De Recife até Tenerife serão aproximadamente 2.462 milhas náuticas o que equivale a 4.560 kilometros. Como características gerais, o navio tem uma velocidade informada de 23 nós ou 43 km/h. É verdade, ele vai devagarzinho. Esta velocidade máxima geralmente ocorre durante o final da noite e toda a madrugada quando "quase" todos estão dormindo o que faz o navio balançar bastante (é bom para dormir, parece um nanar, ou uma rede a balançar). Durante o dia, a velocidade é reduzida para o conforto dos passageiros, afinal o objetivo não é chegar logo, estamos passeando e nos divertindo.
O "Oceano Atlântico, ocupa uma baía em forma de "S", disposto na direção Norte-Sul. É dividido em duas sessões principais, o Atlântico do Norte e o Atlântico do Sul, com correntes equatoriais situadas a cerca de 8º de latitude norte. É delimitado ao oeste pelo continente americano e a leste pela Europa e África. O Atlântico cobre 20% da superfície da Terra, e perde somente para o Pacífico em relação à largura. O oceano propriamente dito, cobre uma área de cerca de 82.362.000 km2 (que equivale a 8 vezes a área da Europa). A profundidade média do Atlântico é de 3.926 m. A sua profundidade maior é de 9.219 m, no abismo de Milwaukee, que está na fossa de Porto Rico, a cerca de 135km ao norte da ilha de Porto Rico. A largura do Atlântico varia entre os 2.848km no ponto mais estreito, entre o Brasil e a Libéria, até 4.830km entre os Estados Unidos e a África Setentrional". (Fonte: Diario di bordo - Costa).
Hoje, terça-feira dia 8, perto de 10 horas da manhã com meu binóculo consegui visualizar o contorno do arquipélago de Fernando de Noronha. Muito longe e difuso, só dava para ver as montanhas. Este dia tem uma mágica especial pois no final da noite estaremos cruzando o Equador. A linha do Equador é uma linha imaginária que possui uma importância fundamental para as navegações.
Vamos dar uma pequena pausa para introduzirmos os principais pontos de georeferênciamento para podermos entender a linguagem.
Depois que ficou estabelecido que a Terra era redonda e que girava em torno do Sol, todo um desenvolvimento matemático foi padronizado para que fosse possível se ter um padrão de localização em qualquer parte do planeta. Este desenvolvimento matemático propiciou a explosão das grandes navegações por volta do século XV e XVI. Juntamente com a teoria matemática foram inventados e aperfeiçoados vários instrumentos de medição.
Começaremos entendendo o que é latitude e longitude. Vamos imaginar que a terra sendo aproximadamente uma esfera pode ser assemelhada a uma laranja. Colocando esta laranja em cima de uma mesa, temos a parte de cima da laranja e a parte de baixo virada para a tampa da mesa. Enfiando um ferrinho fino na parte superio no meio da parte mais alta do centro da laranja, sua ponta superior será chamado de Norte e a parte do ferrinho que tocar no tampo da mesa em baixo, será chamado de Sul. Agora com uma faca bem afiada, vamos cortar a laranja bem certinho no meio perpendicular ao ferrinho que enfiamos. Desta forma a laranja ficará com duas metades. A metade de cima será chamada de Hemisfério Norte e a parte de baixo será chamada de Hemisfério Sul. A linha imaginária que une as duas bandas da laranja é a linha do Equador. Agora pensando numa faca especial, fatiaremos a parte de cima da laranja em 90 finas fatias iguais até o finzinho lá em cima, veremos que as fatias vão ficando rodinhas cada vez menores a medida que vamos chegando na parte final em cima. Faremos o mesmo com a metade de baixo. Por fim, juntaremos todas as fatias e recomporemos a laranja toda fatiada. Pois bem, considerando a linha do Equador como a linha zero, cada linha que separa as fatias da laranja para cima serão chamadas de latitude ou paralelas e subindo do zero, cada linha terá um grau acrescentado a medida que subimos, assim a linha que está logo depois do equador será chamada de paralelo 1 Norte, ou 1ºN, sucessivamente a medida que se vai subindo vai-se aumentando os graus. Por exemplo, hoje 12 de março por volta das 17horas horário local, estaremos passando pelo parelelo 23ºN que tem o nome especial de Trópico de Câncer. Imagine agora tudo para baixo. Quer saber, Recife fica no paralelo 8ºS, na parte de baixo da laranja e perto da linha do Equador que é 0º. Fácil né?
Mas ainda não terminou pois só o paralelo não define exatamente o local único. Por exemplo todas as cidades que ficam ao redor da linha da fatia do equador estão no mesmo paralelo 0º. Perto do mesmo paralelo que fica Recife 8ºS, no outro lado do Atlântico fica Luanda na África. Para resolver isso, precisamos de outro ponto.
Vamos agora pegar outra laranja e cortar em gomos, na vertical. Se com a faca super especial cortarmos a laranja em 360 gomos, cada linha que fica entre um gomo e outro, será chamado de longitude ou meridiano. Os ingleses muito sabidos resolveram chamar a linha que passa entre os gomos que fica nos arredores de Londres, mais precisamente em Greenwich, como o Meridiano 0º, ou Meridiano de Greenwich, pois bem é como se tudo começasse em Londres, sabidinhos eles eram, e acho que ainda são, "God save the Queen". Para facilitar, também dividiram a laranja em duas partes a partir do Meridiano de Greenwich. Desta forma tudo que for para adireita de Londres será Leste e ao contrário à esquerda sera chamado de Oeste. Assim Recife fica 34º a Oeste de Londres, ou 34ºO. Pronto, agora é possível geolocalizar qualquer ponto no planeta.
Claro que com os recursos matemáticos, pode se subdividir cada vez mais as fatias e os gomos ainda mais fininhos. O porto de Recife, tem assim a seguinte localização tomada no dia 07 de março as 15hrs com o aplicativo bússola do meu iPhone: Porto do Recife: 8º2'56" S; 34º52'22 O. Veja que bacana, para saber onde exatamente estamos neste momento que estou escrevendo, veja a foto abaixo:
Aqui em baixo da foto vemos 23º41'42 N; 18º34'29 O, este local é próximo do início da costa do Marrocos na África, bem no Oceano Atlântico.
Vamos agora voltar a emoção de cruzar a linha do equador. As 19:00h estávamos a 1º27'8" da linha do Equador. No navio o carnaval em homenagem ao Deus Netuno, na mitologia grega, o rei dos mares, já estava sendo anunciado. Realmente este ponto místico é comemorado com muita festa. O que queremos ver é a bússola mostrando 0º0'0" de latitude, ou o famoso paralelo zero que é a linha do Equador. Vamos acompanhar:
21:00h: 0º53'44" S
22:00h: 0º29'17" S
23:00h: 0º17'20" S
23:33h: 0º10'47" S
23:54h: 0º04'53" S
24:10h: 0º00'36" S
24:13h: 0º00'31" N
Como podemos ver entre às 24:10h e 24:13h, cruzamos de S, para N, isto é, passamos da metade inferior para a metade superior da laranja. De Recife até a linha do Equador, são aproximadamente 237km. A cidade mais próxima da linha do Equador é João Pessoa com 206km e Natal fica a 210km. Só uma resalva, devido ao tempo que leva para a atualização do GPS (Sistema de GeoProcessamento) do iPhone, não registramos exatamente o 0º0'0". Esta foto embaixo dá uma idéia da excitação que foi o dia 8 de março.
Nos dias 9 e 10 de março navegamos sem novidades com mar de calmo a moderado, sempre no sentido nordeste, cruzando o Oceano em direção a costa da África. Durante a noite de quarta-feira dia 9 para quinta-feira dia 10, ajustamos nossos relógios em uma hora a mais para corrigir o fuso horário. Um dia conto a vocês como isso de fuso funciona, aqui já basta de matemática.
Nas primeiras horas da manhã da sexta-feira dia 11, passamos a 14 milhas náuticas (26km) do arquipélago de Cabo Verde que fica próximo a costa do Senegal na África.
Durante a noite de sexta-feira dia 11 para o sábado dia 12, ajustamos nossos relógios em uma hora a mais para ajuste do fuso horário.
No dia 12 de março navegamos com mar agitado porém sem problemas, a viagem continua tranquila e
3/15/16, 06:25:38: Painho: divertida, um pouco de ansiedade para ver e descer em terra firme já aparece. Por volta das 17horas passamos por outro paralelo relevante, na latitude 23º27', cruzamos o trópico de Câncer. Da mesma forma no hemisfério sul temos a latitude xxxxx, o trópico de Capricórnio. Esta faixa que fica entre os dois trópicos é chamada de região de clima tropical, com menos frio no inverno. Por sinal, com a passagem do trópico de Câncer já comecamos a sentir a temperatura cair bastante, adeus piscina. Em Recife, estávamos em pleno final de verão que termina dia 20 de março. Quando cruzamos a linha do Equador, saimos abruptamente do verão e entramos no inverno que termina dia 20 de março. Dá para endoidar o cabeção.
No domingo dia 13 de março, às 13h aproximadamente depois de navegarmos 4.560km, aportamos em Santa Cruz de Tenerife, uma das ilhas do Arquipélago das Canárias, de possessão Espanhola. Esta ilha é muito importante para reabastecimento dos navios que estão cruzando o Oceano Atlântico. Noutra postagem falarei do turismo nesta ilha. Foi a primeira terra que vimos depois de partirmos de Recife. Tecnicamente a travessia está concluida, mas eu prefiro considerar a travessia completa quando aportarmos em Casablanca no Marrocos no Continente Africano, prá mim ilha não é terra firme. Kkkkkk.
Pronto, são 8 horas da manhã de terça-feira 15 de março. Estamoa atracando no porto de Casablanca no Marrocos 33º36'32"N ; 7º36'32"O. Agora considero que completamos a travessia do Oceano Atlântico. Estou muito emocionado porque pela primeira vez estarei pisando no Continente Africano. Na próxima postagem contarei as histórias de Tenerife, Casablanca e Gilbraltar. Até lá. Não esqueça de compartilhar com seus amigos, comentar ou corrigir alguma coisa. Ah! Uma resalva importante, os dados aqui apresentados são aproximados pois meus recursos são limitados a um iPhone e com internet deficiente.
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