terça-feira, 15 de março de 2016

Atravessando o Oceano Atlântico - A travessia

Recife, segunda-feira, 7 de março de 2016, 16:00h horário de Brasília. Estamos partindo do Porto do Recife com destino a Santa Cruz do Tenerife. É a travessia do Oceano Atlântico. Serão a partir de agora seis dias e seis noites navegando sem parar, somente mar e céu serão nossos companheiros. De Recife até Tenerife serão aproximadamente 2.462 milhas náuticas o que equivale a 4.560 kilometros. Como características gerais, o navio tem uma velocidade informada de 23 nós ou 43 km/h. É verdade, ele vai devagarzinho. Esta velocidade máxima geralmente ocorre durante o final da noite e toda a madrugada quando "quase" todos estão dormindo o que faz o navio balançar bastante (é bom para dormir, parece um nanar, ou uma rede a balançar). Durante o dia, a velocidade é reduzida para o conforto dos passageiros, afinal o objetivo não é chegar logo, estamos passeando e nos divertindo.




O "Oceano Atlântico, ocupa uma baía em forma de "S", disposto na direção Norte-Sul. É dividido em duas sessões principais, o Atlântico do Norte e o Atlântico do Sul, com correntes equatoriais situadas a cerca de 8º de latitude norte. É delimitado ao oeste pelo continente americano e a leste pela Europa e África. O Atlântico cobre 20% da superfície da Terra, e perde somente para o Pacífico em relação à largura. O oceano propriamente dito, cobre uma área de cerca de 82.362.000 km2 (que equivale a 8 vezes a área da Europa). A profundidade média do Atlântico é de 3.926 m. A sua profundidade maior é de 9.219 m, no abismo de Milwaukee, que está na fossa de Porto Rico, a cerca de 135km ao norte da ilha de Porto Rico. A largura do Atlântico varia entre os 2.848km no ponto mais estreito, entre o Brasil e a Libéria, até 4.830km entre os Estados Unidos e a África Setentrional". (Fonte: Diario di bordo - Costa).


Hoje, terça-feira dia 8, perto de 10 horas da manhã com meu binóculo consegui visualizar o contorno do arquipélago de Fernando de Noronha. Muito longe e difuso, só dava para ver as montanhas. Este dia tem uma mágica especial pois no final da noite estaremos cruzando o Equador. A linha do Equador é uma linha imaginária que possui uma importância fundamental para as navegações.


Vamos dar uma pequena pausa para introduzirmos os principais pontos de georeferênciamento para podermos entender a linguagem.
Depois que ficou estabelecido que a Terra era redonda e que girava em torno do Sol, todo um desenvolvimento matemático foi padronizado para que fosse possível se ter um padrão de localização em qualquer parte do planeta. Este desenvolvimento matemático propiciou a explosão das grandes navegações por volta do século XV e XVI. Juntamente com a teoria matemática foram inventados e aperfeiçoados vários instrumentos de medição.
Começaremos entendendo o que é latitude e longitude. Vamos imaginar que a terra sendo aproximadamente uma esfera pode ser assemelhada a uma laranja. Colocando esta laranja em cima de uma mesa, temos a parte de cima da laranja e a parte de baixo virada para a tampa da mesa. Enfiando um ferrinho fino na parte superio no meio da parte mais alta do centro da laranja, sua ponta superior será chamado de Norte e a parte do ferrinho que tocar no tampo da mesa em baixo, será chamado de Sul. Agora com uma faca bem afiada, vamos cortar a laranja bem certinho no meio perpendicular ao ferrinho que enfiamos. Desta forma a laranja ficará com duas metades. A metade de cima será chamada de Hemisfério Norte e a parte de baixo será chamada de Hemisfério Sul. A linha imaginária que une as duas bandas da laranja é a linha do Equador. Agora pensando numa faca especial, fatiaremos a parte de cima da laranja em 90 finas fatias iguais até o finzinho lá em cima, veremos que as fatias vão ficando rodinhas cada vez menores a medida que vamos chegando na parte final em cima. Faremos o mesmo com a metade de baixo. Por fim, juntaremos todas as fatias e recomporemos a laranja toda fatiada. Pois bem, considerando a linha do Equador como a linha zero, cada linha que separa as fatias da laranja para cima serão chamadas de latitude ou paralelas e subindo do zero, cada linha terá um grau acrescentado a medida que subimos, assim a linha que está logo depois do equador será chamada de paralelo 1 Norte, ou 1ºN, sucessivamente a medida que se vai subindo vai-se aumentando os graus. Por exemplo, hoje 12 de março por volta das 17horas horário local, estaremos passando pelo parelelo 23ºN que tem o nome especial de Trópico de Câncer. Imagine agora tudo para baixo. Quer saber, Recife fica no paralelo 8ºS, na parte de baixo da laranja e perto da linha do Equador que é 0º. Fácil né?







Mas ainda não terminou pois só o paralelo não define exatamente o local único.  Por exemplo todas as cidades que ficam ao redor da linha da fatia do equador estão no mesmo paralelo 0º. Perto do mesmo paralelo que fica Recife 8ºS, no outro lado do Atlântico fica Luanda na África. Para resolver isso, precisamos de outro ponto.
Vamos agora pegar outra laranja e cortar em gomos, na vertical. Se com a faca super especial cortarmos a laranja em 360 gomos, cada linha que fica entre um gomo e outro, será chamado de longitude ou meridiano. Os ingleses muito sabidos resolveram chamar a linha que passa entre os gomos que fica nos arredores de Londres, mais precisamente em Greenwich, como o Meridiano 0º, ou Meridiano de Greenwich, pois bem é como se tudo começasse em Londres, sabidinhos eles eram, e acho que ainda são, "God save the Queen". Para facilitar, também dividiram a laranja em duas partes a partir do Meridiano de Greenwich. Desta forma tudo que for para adireita de Londres será Leste e ao contrário à esquerda sera chamado de Oeste. Assim Recife fica 34º a Oeste de Londres, ou 34ºO. Pronto, agora é possível geolocalizar qualquer ponto no planeta.







Claro que com os recursos matemáticos, pode se subdividir cada vez mais as fatias e os gomos ainda mais fininhos. O porto de Recife, tem assim a seguinte localização tomada no dia 07 de março as 15hrs com o aplicativo bússola do meu iPhone: Porto do Recife: 8º2'56" S; 34º52'22 O. Veja que bacana, para saber onde exatamente estamos neste momento que estou escrevendo, veja a foto abaixo:







Aqui em baixo da foto  vemos 23º41'42 N; 18º34'29 O, este local é próximo do início da costa do Marrocos na África, bem no Oceano Atlântico.


Vamos agora voltar a emoção de cruzar a linha do equador. As 19:00h estávamos a 1º27'8" da linha do Equador. No navio o carnaval em homenagem ao Deus Netuno, na mitologia grega, o rei dos mares, já estava sendo anunciado. Realmente este ponto místico é comemorado com muita festa. O que queremos ver é a bússola  mostrando 0º0'0" de latitude, ou o famoso paralelo zero que é a linha do Equador. Vamos acompanhar:
21:00h: 0º53'44" S
22:00h: 0º29'17" S
23:00h: 0º17'20" S
23:33h: 0º10'47" S
23:54h: 0º04'53" S
24:10h: 0º00'36" S
24:13h: 0º00'31" N
Como podemos ver entre às 24:10h e 24:13h, cruzamos de S, para N, isto é, passamos da metade inferior para a metade superior da laranja. De Recife até a linha do Equador, são aproximadamente 237km. A cidade mais próxima da linha do Equador é João Pessoa com 206km e Natal fica a 210km. Só uma resalva, devido ao tempo que leva para a atualização do GPS (Sistema de GeoProcessamento) do iPhone, não registramos exatamente o 0º0'0". Esta foto embaixo dá uma idéia da excitação que foi o dia 8 de março.








Nos dias 9 e 10 de março navegamos sem novidades com mar de calmo a moderado, sempre no sentido nordeste, cruzando o Oceano em direção a costa da África. Durante a noite de quarta-feira dia 9 para quinta-feira dia 10, ajustamos nossos relógios em uma hora a mais para corrigir o fuso horário. Um dia conto a vocês como isso de fuso funciona, aqui já basta de matemática.
Nas primeiras horas da manhã da sexta-feira dia 11, passamos a 14 milhas náuticas (26km) do arquipélago de Cabo Verde que fica próximo a costa do Senegal na África.
Durante a noite de sexta-feira dia 11 para o sábado dia 12, ajustamos nossos relógios em uma hora a mais  para ajuste do fuso horário.
No dia 12 de março navegamos com mar agitado porém sem problemas, a viagem continua tranquila e
3/15/16, 06:25:38: Painho: divertida, um pouco de ansiedade para ver e descer em terra firme já aparece. Por volta das 17horas passamos por outro paralelo relevante, na latitude 23º27', cruzamos o trópico de Câncer. Da mesma forma no hemisfério sul temos a latitude xxxxx, o trópico de Capricórnio. Esta faixa que fica entre os dois trópicos é chamada de região de clima tropical, com menos frio no inverno. Por sinal, com a passagem do trópico de Câncer já comecamos a sentir a temperatura cair bastante, adeus piscina. Em Recife, estávamos em pleno final de verão que termina dia 20 de março. Quando cruzamos a linha do Equador, saimos abruptamente do verão e entramos no inverno que termina dia 20 de março. Dá para endoidar o cabeção.
No domingo dia 13 de março, às 13h aproximadamente depois de navegarmos 4.560km, aportamos em Santa Cruz de Tenerife, uma das ilhas do Arquipélago das Canárias, de possessão Espanhola. Esta ilha é muito importante para reabastecimento dos navios que estão cruzando o Oceano Atlântico. Noutra postagem falarei do turismo nesta ilha. Foi a primeira terra que vimos depois de partirmos de Recife. Tecnicamente a travessia está concluida, mas eu prefiro considerar a travessia completa quando aportarmos em Casablanca no Marrocos no Continente Africano, prá mim ilha não é terra firme. Kkkkkk.
Pronto, são 8 horas da manhã de terça-feira 15 de março. Estamoa atracando no porto de Casablanca no Marrocos 33º36'32"N ; 7º36'32"O. Agora considero que completamos a travessia do Oceano Atlântico. Estou muito emocionado porque pela primeira vez estarei pisando no Continente Africano. Na próxima  postagem contarei as histórias de Tenerife, Casablanca e Gilbraltar. Até lá. Não esqueça de compartilhar com seus amigos, comentar ou corrigir alguma coisa. Ah! Uma resalva importante, os dados aqui apresentados são aproximados pois meus recursos são limitados a um iPhone e com internet deficiente.


domingo, 13 de março de 2016

Atravessando o Oceano Atlântico - Bahia de todos os Jorges


Sexta feira 4 de março, atracamos no principal porto do recôncavo baiano: Ilhéus. O mar azul quase turquesa, calmo como a malemolência baiana, combina com o céu azulzinho claro sem uma nuvem, parece que o céu e mar formam um conjunto harmonioso de tom sobre tom. Os gringos ficam loucos com essa fascinante demonstração da natureza neste nosso maravilhoso nordeste do Brasil. Ilhéus, como tantas outras cidades brasileiras em várias atividades comerciais, teve um grande auge com a cultura do cacau. Daqui de Ilhéus saíram toneladas e toneladas de pasta básica dos grãos do cacau, a matéria prima para a  fabricação do gostosíssimo chocolate. A catedral da cidade mostra a exuberância que existiu nesta época. A catedral na praça principal da cidade, parece muito maior que o porte da cidade.  


 

Nos anos 1920, o Brasil era o maior produtor de cacau do mundo. Uma grande praga chamada de "vassoura-de-bruxa" no início dos anos 1990, destruiu as plantações de cacau e levou a cidade a decadência. De maior produtor, o nosso país, caiu para 4% da produção mundial. Com os grandes avanços de pesquisas da EMBRAPA, o recôncavo retomou recentemente a produção de cacau com uma espécie vegetal desenvolvida em laboratório resistente a praga de "vassoura-de-bruxa". Enquanto o auge do cacau não volta, Ilhéus tem hoje como fonte de renda importante o turismo. Seu Vanderlei, confecciona e vende na praça principal estes enormes chapéus que deverá entrar para o Guiness-book brevemente.





O que realmente chama a atenção de todos em Ilhéus é Gabriela, a sensualíssima morena criada por Jorge Amado. Todo mundo conhece a história de Seu Nassib o dono da mercearia/barzinho no centro de Ilhéus onde se tomava umas e outras e se comia os deliciosos petiscos preparados pela bela Gabriela que sendo uma talentosa doceira, cheirava a cravo e canela além de provocar a destilação de muita testosterona ao seu redor.  O bar Vesúvio que foi criado pela mente prodigiosa de Jorge Amado, existe de verdade hoje na praça de Ilhéus e é um dos pontos turísticos mais visitados.


Jorge Amado nasceu em Itabuna e logo mudou para Ilhéus onde passou grande parte de sua infãncia e adolescência. Olhando as moreninhas da cidade, se percebe logo de onde foi tirada a inspiração para Gabriela. Após passarmos toda a noite navegando, no dia seguinte, sábado 5 de março, atracamos em outra cidade inspiradora para Jorge Amado: Salvador. Por volta das 5 horas da manhã, entramos pela Ponta de Santo Antônio na Bahia de todos os santos. Salvador, as margens da baia, é uma das mais antigas cidades brasileiras, fundada em 1549, foi a primeira capital do país durante 214 anos, perdendo o posto para a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1763. O farol da barra é um dos pontos mais representativos desta cidade encantadora pelo seus cenários barrocos e pelo povo alegre e hospitaleiro. Axé.  Foto 4 farol da barra Se voçê não é gringo e já conhece um pouco a cidade, o circuito turístico de Salvador com o Pelourinho, a Igreja do Bonfim, o Terreiro de Jesus e tantos outros merece uma boa visita guiada em táxis e vans ao preço médio de R$50,00 por pessoa, saindo do terminal de cruzeiros no porto. Se voçê precisa de um guia para falar inglês e explicar tudo minunciosamente, o passeio sai caro, cerca de U$100,00 por pessoa. Sempre me encantou o complexo religioso barroco em torno da Igreja de São Francisco, conhecida como a igreja de ouro. O templo católico é realmente suntuoso, uma jóia do barroco que não deixa nada a desejar aos maiores monumentos europeus. O mosteiro ao lado da igreja, possui uma coleção muito grande de azulejos portuguêses com cenas de advertência moral e bons costumes e frases acima no original em Latim que deixa qualquer um maravilhado com o conservadorismo dos ensinamentos religiosos da época. Belíssimo. E tudo isso com uma entrada paga por apenas R$5,00. Muito barato.  

 Amanhã passaremos por Maceió e depois atracaremos no Porto de Recife. Aí sim, iremos começar a aventura da travessia. Aguarde, contarei tudo, tudinho, vamos cruzar a linha do equador, será fantástico.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Atravessando o Oceano Atlântico - Rio de Janeiro

Não vou falar do Rio de Janeiro porque a Globo já disse tudo e todo mundo já sabe o bastante. Realmente não descemos do navio para passear na cidade maravilhosa. 
Minha intenção desde o planejamento da viagem foi aproveitar o atracamento no Rio pra visitar uma novidade carioca: o Museu do Amanhã. 
Por alegre coincidência, o museu fica na praça Mauá no mesmo local do píer de atracamento do navio. O museu abre às 10 da manhã e o ingresso custa R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 meia. Logo de pronto, o prédio impressiona. O trabalho do arquiteto espanhol Siantiago Calatrava é magnifico.



A proposta do museu é moderna e cativante: "O amanhã é hoje. E hoje é o lugar da ação". 
A exposição principal permanente navega por 5 áreas:
A - COSMOS - De onde viemos?
B - TERRA - Quem somos?
C - ANTROPOCENO - Onde estamos?
D - AMANHÃS - Para onde vamos?
E - NÓS - Como queremos ir?
A instalação que mais me impressionou é a que se refere ao cérebro e seu funcionamento. São vários jogos e vídeos interativos que muito nos ensina sobre nossa central de processamento.
Tem uma parte que não gostei. Quando se fala em desenvolvimento sustentável, o discurso me pareceu muito mais político que científico, os ecochatos predominam.

Em geral considero o museu uma boa opção para a cidade. O visual da arquitetura e das instalações internas está impecável. O modelo norte americano de uma ampla sala de recepção seguido de um vídeo bacana, corredores com a exposição principal e no fim do trajeto uma lojinha com lembranças do museu está adequado a globalização.  Uma falha: o vídeo bacana é falado em português o que afasta os gringos, tinha que ser em inglês com sessões alternativas em português, imperdoável.
Dentro, todas as instalações apresentam as informações em português, inglês e espanhol, parabéns.
Talvez por estratégia para atingir um público maior ou por complexo de vira-latas, a profundidade com que os temas são tratados é quase superficial. Perdoável.

Uma boa dica: o Museo de Arte do Rio de Janeiro (MAR) fica ao lado, vale a pena conferir, tem um grande acervo de fotos sobre o Rio antigo. Às terças-feiras  e aos domingos, a entrada é grátis.

Concluindo eu diria que vir ao Rio de Janeiro para conhecer o Museu do Amanhã, não, mas se vier não deixe de conferir. 
Este pequeno texto coletado de uma das paredes do corredor principal dá uma idéia geral do espírito dos organizadores:
       "O futuro não está pronto e acabado. A cada dia, a cada escolha, o rio do Tempo se abre em um delta de Amanhãs possíveis. O curso que a realidade irá seguir depende cada vez mais de nós, como atores do Antropoceno, na construção do porvir. Sabemos que a única certeza sobre o futuro é que haverá o inesperado, mas as Ciências nos indicam as grandes tendências que muito provavelmente moldarão as próximas décadas: seremos ainda mais numerosos, com alguns vivendo por muito tempo; habitaremos um mundo mais urbano e interconectado, porém mais desigual; experimentaremos intensas modificações do clima e alterações da biodiversidade; estenderemos aceleradamente as fronteiras do conhecimento; multiplicaremos tecnologias para aplicá-las a nossos corpos, mentes e vidas. Como sociedade, como seres vivos, como humanos, nosso desafio comum será o de inventar rumos, rotas e caminhos para navegarmos entre o que somos hoje e o que poderemos vir a ser. Curiosidade, espírito, imaginação: é o que precisamos para nos lançar ao mar".

Nossa próxima parada relevante será Ilhéus, a terra de Gabriela e Seu Nassib. Contarei novas estórias, fique ligado. Ah! O navio é bacana.



segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Atravessando o Oceano Atlântico - Introdução


Quem gosta de viagens, poderá me acompanhar nesta verdadeira aventura. A partir de agora estaremos iniciando um cruzeiro com o Transatlântico Costa Pacífico. Serão 20 dias desde o Porto de Santos em São Paulo até o Porto Italiano de Savona. Uma distância de 5.087,30 milhas náuticas ou 9.412,89 km que será percorrida a uma velocidade média de 43km/h. Serão 12 portos visitados em todo o trajeto. 
Somente na costa brasileira serão 2.722 km em rota desde o Porto de Santos até o Porto do Recife, passando por Rio de Janeiro, Ilhéus, Salvador e Maceió. 
Depois de aportar em Recife, o navio se preparará para, rumando leste, navegar durante 5 noites e 6 dias até o arquipélago das Canárias, atracando no Porto de Santa Cruz de Tenerife. 
De Recife até a linha do Equador são 237 km quando entraremos no hemisfério norte. Iremos conviver com uma situação inusitada, deixaremos nosso quente verão no hemisfério sul e de repente estaremos no final do gelado inverno e início da primavera no hemisfério norte ao cruzarmos a imaginária linha do Equador. Depois de Santa Cruz de Tenerife, rumaremos para a África e, pela primeira vez para mim, pisarei em solo do Continente Africano. Atracaremos na mística e hollywoodiana cidade de Casablanca no Marrocos onde o inesquecível filme de 1942 com Humphrey Bogard e Ingrid Bergmann encantou a todos com aquela maravilhosa música: "as time goes by". 

Lembrando que Marrocos é um país muçulmano e toda a cultura e diversidade religiosa estarão presentes nas Mesquitas e mercados públicos (Bazar).
Do Marrocos, deixaremos o Oceano Atlântico e cruzando os Pilares de Hércules (estreito de Gibraltar), entraremos no antiquíssimo Mar Mediterrâneo. Navegando por este berço das principais civilizações ocidentais, visitaremos Barcelona na Espanha, Marselha na costa Francesa e Savona na Itália onde desembarcaremos. De Savona por trem faremos uma rápida visita a Milão, a capital da moda e do design. De Milão voltaremos de avião para o Brasil.


Vamos juntos viver esta aventura. Periodicamente estarei atualizando o blog com informações, curiosidades, correntes marítimas, atividades no navio e fotos sobre a aventura. Visite meu blog e viajaremos juntos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Existe uma fórmula para o sucesso financeiro – parte 2

Na última postagem falamos que a fórmula do sucesso financeiro era: 30+40+30=100% de sucesso. Agora iremos explicar como esta fórmula pode nos levar ao controle financeiro pessoal e assim podermos usufruir do nosso dinheiro com prazer e responsabilidade.
Começaremos pelos primeiros 30. O que este 30 quer dizer?
Quem já viu uma bolinha de papel boiando em um lago? Ela fica totalmente ao sabor do vento que é aleatório. Não tem uma trajetória coerente, vai boiando, boiando. Já uma lancha que tem motor, vai de um local a outro do lago que o piloto planejou ir. Assim é nosso planejamento financeiro pessoal. O motor pode ser nossa vontade e o piloto nosso planejamento. Para que possamos ter sucesso financeiro, temos que ter vontade e planejamento.  
Ora vontade todo mundo tem, principalmente de ter sucesso. Porém o motor da lancha tem que ser guiado com um leme, e nossa vontade não pode ser um leão descontrolado. Vontades nós temos muitas que geralmente não cabem em nossas vidas. É impossível realizarmos todas as nossas vontades ao mesmo tempo, não temos saúde, nem tempo e nem dinheiro para isso. Escolher as vontades que cabem na nossa vida é difícil. Gastarmos só o dinheiro que escolhemos para gastar é difícil, as ofertas de crédito são enormes, parece que tudo contribui para que gastemos mais do que o saudável. Vontade realmente todo mundo tem, já planejamento pouca gente faz.
Planejar é colocar nossas vontades dentro de um período de tempo, num cronograma, em sequência, escolhendo uma ordem de realização.  Isso é difícil de fazer. Como o tempo é uma abstração, é uma invenção matemática, na verdade ele não existe. Nossa percepção intuitiva primitiva é apenas do presente, só sentimos verdadeiramente o momento que estamos vivendo agora. Na verdade só o presente existe. Assim planejar não é natural e instintivo, para planejarmos precisamos de treino, de aprendizado, por isso dói. Não planejar nada e ir vivendo cada momento ao sabor de nossas vontades, pode ser sedutor, mas certamente não levará ao sucesso financeiro. Planejar cada passo de nossas vidas, cada tostão que gastamos, pode também levar a uma vida chata, sem criatividade e sem emoção.
Para que possamos ter sucesso no nosso planejamento financeiro pessoal, teremos que saber o que temos na mão. Este é o primeiro passo. Sem saber quanto eu recebo de dinheiro por dia, por mês ou por ano, dependendo de sua atividade, é impossível ter sucesso. Você sabe exatamente quanto ganhou no mês passado? Todo mês ganha o mesmo ou varia? Se não, tem que saber, tem que saber. Se sua renda é muito variável, estipule uma meta e tente alcançá-la. Planejar com renda fixa é mais fácil, com rendas muito variáveis é ainda mais difícil. Antes de qualquer coisa, anote todo dinheiro que você ganhou durante um mês, todos os meses do ano, assim você poderá conhecer quanto você dispõe de dinheiro para planejar sua vida financeira. Não se preocupe com os gastos neste momento, saiba quanto você ganha. Eu sei que não é agradável se sentar e levantar tudo que você ganhou no ano passado, mês a mês, mas é fundamental para que você possa atingir o sucesso financeiro. Crie o hábito de anotar tudo que você ganha.
Agora que você sabe de quanto dispõe de dinheiro para gastar mês a mês, vamos nos preocupar com aquele 30 da fórmula. Ele representa o que deve ser gasto com a sua despesa fixa.

Na próxima postagem vamos cuidar deste mais importante bloco de gastos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Existe uma fórmula para o sucesso financeiro

Desde cedo ouvi pessoas importantes dizerem que: "quem gosta de dinheiro tem dinheiro". Ouvi muito também a frase muito conhecida: "Rico não é quem ganha muito e sim quem gasta pouco". E a clássica: "dinheiro não traz felicidade".  Mas o que é gostar de dinheiro? O que é gastar pouco? Onde estará a felicidade? Eu não consigo responder estas questões e duvido muito que alguém sério possa realmente respondê-las com alguma utilidade. Ideologias e filosofias a parte, todos nós precisamos de dinheiro todos os dias para suprir nossas necessidades materiais, desde comprar o pãozinho até fazer um investimento em renda fixa. Ganhar dinheiro não é coisa fácil, já gastar dinheiro é fácil e prazeroso. Todos nós gostamos de comprar, todos nós gostamos de nos divertir, comer e dormir e outras coisas que nos dão prazer. Ora, porque gastar dinheiro nos dá tanto prazer? Certa vez uma amiga minha me contou que ia naquelas lojas de R$1,99 (faz tempo que nosso dinheiro valia tanto), comprava um montão de coisas, saia cheia de sacolas, ficava feliz e desestressada. Chegava em casa, colocava as sacolas num canto qualquer e no outro dia, jogava tudo fora. Era apenas o prazer de comprar, não era adquirir algum bem, somente comprar. Quase todo mundo que conheço sente aquela euforia, o aumento da adrenalina quando está comprando. Comprar, gastar, se divertir não faz nenhum mal, porém os prazeres cobram seu preço. Gastar dinheiro deve ser uma das variáveis de uma fórmula que precisamos seguir para nos conduzir ao sucesso financeiro. Pronto, acabou a felicidade, já vem a limitação. É necessário que conheçamos todas as variáveis desta fórmula e aprendamos a sentir prazer com todas elas.
Estarei explicando esta fórmula nos próximos blogs que postarei para que possamos discutir como ter sucesso com dinheiro. Durante muito tempo de minha vida tenho aplicado esta fórmula e asseguro que vivo confortável.
Quando estamos atravessando aqueles períodos de fartura, naturalmente tendemos a nos afastar de quaisquer limites e deixamos escorregar nossos controles. Infelizmente os períodos de fartura não duram tanto como gostaríamos, porém felizmente os períodos de apertos também não duram para sempre. Com está formula aprenderemos a ancorar os períodos de fartura para que no aperto não tenhamos que sofrer tanto para ajustar nossa vida financeira.
Temos presenciado na nossa economia brasileira nestes dois, três anos como um descontrole de gastos pode provocar um sofrimento enorme. Voltar a prosperidade vai ser difícil, doloroso e demorado. Não devemos seguir estes passos que nossos governantes seguiram, vamos viver em harmonia com nosso dinheiro.   

A fórmula mágica que vamos conhecer é: 30+40+30=100% de sucesso. Até a próxima postagem. Aguardo os comentários.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quando o bolsa Miami vai voltar?


Resultado de imagem para dolar libra euroimagem: filmfoto.com



Tirando os colecionadores, não conheço ninguém que tenha em casa, como reserva de valor, nenhuma moeda que não seja primeiramente Dólar, depois Euro ou Libra. Porque ninguém guarda em casa o rublo russo ou o peso argentino? Porque nossa moeda é o real e não o dólar? Porque os países da Europa ocidental agora usam o euro como moeda única? Porque a Inglaterra não usa o euro como moeda? Credibilidade é a primeira palavra que me vem. Ter sua própria moeda é importante para qualquer nação, porém ter uma moeda sem credibilidade dificulta muito nas transações internacionais. Todo pais que possui sua própria moeda, possui um Banco Central.

Banco Central é uma entidade independente ou ligada ao Estado cuja função é gerir a política econômica ou seja, garantir a estabilidade e o poder de compra da moeda de cada país e do sistema financeiro como um todo (wikipedia).

A moeda de qualquer país só tem relevância se for conversível. Isto quer dizer que nosso real só tem valor se pudermos trocá-lo por dólar no momento que quisermos. Esta operação é feita por casas de câmbio e bancos regulados pelo Banco Central do Brasil (BC). Todo nosso estoque de dólar é gerenciado pelo BC. Ele, portanto deve ter bastante dólar guardado para que sempre que quisermos comprar, exista a moeda disponível. Isto é o que se chama de reservas internacionais, ou também grosso modo de fundo soberano. Quando um investidor, que pode ser até um brasileiro, que possui dólares em bancos estrangeiros decide aplicar seu capital no Brasil, comprando uma empresa brasileira, uma casa de praia em Natal ou mesmo somente aplicar no tesouro direto, ele tem que vender estes dólares ao BC que converte em reais e fica com os respectivos dólares. Se um gringo comprar uma casa de praia com dólares, direto com o proprietário, esta transação é ilegal e os dois podem ir presos por isso. Possuir dólares em casa, guardado, é ilegal. Quando ao contrário, um investidor estrangeiro resolve vender um ativo no Brasil e levar de volta ao seu país os recursos, ele compra dólares junto ao BC e leva seus dólares para seu país. Se os investidores desconfiarem que o BC não tenha dólares suficientes para trocar, o país estará em apuros.
  
Nossa moeda é o real. O BC controla através do sistema bancário nacional, a quantidade de reais que circulam no país, regulando a impressão da nossa moeda. Como o BC sabe quantos reais existem circulando e quanto deve imprimir de reais a cada vez? Ora, sabemos que estamos vivendo um momento de crise fiscal, daí era só a presidente mandar o BC imprimir mais reais e acabava a crise. Os países mais confiáveis do mundo como os EUA, possuem BC independentes, isto é, não obedecem as ordens do executivo para cuidar de sua política monetária. O Brasil infelizmente não possui BC independente. Como ninguém é bobo, quando, os agentes econômicos percebem que o BC está imprimindo mais dinheiro que deveria, todos procuram subir seus preços para que seus produtos possam ficar mais caros em reais e assim se proteger. Os trabalhadores começam a fazer greve, pois percebem que seus rendimentos não estão mais comprando a mesma coisa que compravam antes. Sabe o nome disso: inflação. Os investidores estrangeiros também percebendo isto, só aceitam trocar seus dólares por mais reais, daí o dólar sobe. Sempre que percebemos a inflação subindo, uma das causas é a falta de credibilidade em relação à política monetária do BC, ou melhor, estão colocando mais reais na praça que deveriam.  

Bancos Centrais dos EUA, da Inglaterra e da União Europeia, são entidades que procuram independentemente dos governos que estão de plantão, resguardar o valor de suas respectivas moedas. Eles já fazem isto há muito tempo e de forma muito serena e competente. Por este motivo estas moedas possuem credibilidade na praça internacional. Este também é o motivo porque nós, e o mundo todo, só confiamos guardar dólar, euro ou libra. O caso da libra é interessante. Os ingleses com sua centenária credibilidade na libra esterlina, não tiveram coragem de arriscar abrir mão de sua moeda para entrar na aventura da criação do euro. Nestes dois últimos anos nós vivenciamos um pequeno, mas sensível abalo na credibilidade do euro com a crise da Grécia. Os ingleses talvez tenham razão. Porém os firmes alicerces da Alemanha estão garantindo a força do euro.

O uso do dólar como moeda de referência internacional é devido à credibilidade na hegemonia dos EUA como a mais poderosa nação do mundo. O uso da língua inglesa como referência para artigos em congressos internacionais e papéis em transações financeiras internacionais é pelo mesmo motivo que confiamos em comprar um bilhete para assistir ao mais novo lançamento de um filme dos estúdios de Hollywood. Poderemos gostar ou não dos ianques, porém sempre temos a certeza que o FED (como é conhecido o BC americano) está garantindo o valor do dólar pelo mundo afora, as vezes até com seus tanques. Lembra que já tivemos cruzeiro, cruzado, cruzeiro novo e real, corta zero, bota zero e nossa moeda vira uma piada. O dólar sempre foi e é dólar. Então porque nossa moeda não passa a ser dólar de uma vez? Para que isso acontecesse, teríamos que abrir mão de nossa soberania financeira e obedecer ao FED, não seríamos mais brasileiros e sim americanos. Este é o mesmo motivo porque não abandonamos de vez o português e passamos a falar logo inglês.

Na verdade não é necessário sermos americanos para termos uma moeda séria e confiável. Precisamos de início tornar nosso BC independente para evitarmos pedaladas malucas, eleitoreiras e malandragens corruptas. Falar assim é fácil, porém para termos um BC independente precisamos de uma sociedade que possa entender de política e economia e cobrar das autoridades uma moeda confiável.

Tivemos um período de euforia quando o real tinha um valor que nos permitia fazer compras em Miami e passearmos em Paris. O que aconteceu que hoje isso acabou? Primeiro tivemos uma redução do valor dos nossos produtos que vendemos ao exterior devido a uma crise externa que abalou a Europa e fez a China reduzir o seu crescimento. Essa redução fez com que menos dólares entrassem no país com nossas vendas externas. Os investidores preocupados com a crise passaram a retirar seus recursos do Brasil e guardar seus capitais em dólares nos EUA. Menos dólares ficando no BC. Sentindo esta crise se aproximando (2008), nosso BC deveria ter ajustado o valor da nossa moeda, reduzindo a quantidade de reais em circulação. Fez exatamente o contrário, passou a emitir reais e ampliou o crédito interno. A medida correta teria forçado o governo a reduzir os gastos de forma sistemática e manter o poder de compra da moeda, isto teria provocado uma redução na atividade econômica com reflexo no consumo e no emprego. Se estas medidas tivessem sido tomadas com responsabilidade, o sofrimento seria mais suave. Ao contrario, a ampliação do crédito provocou um aumento artificial momentâneo do consumo e através de mentiras e inflação em 2014, desacreditou a moeda. Ora, ninguém é bobo, logo depois das eleições, a verdade começou a aparecer e os agentes econômicos passaram a desconfiar da capacidade do BC de honrar a conversibilidade do real. Daí todo mundo passou a correr e comprar dólares e retirar o dinheiro do Brasil. As agências de classificação de risco rebaixaram logo o Brasil e nossa moeda virou lixo. Quando isso vai mudar? Quando o mundo voltar a acreditar que o BC terá credibilidade para garantir a conversibilidade da nossa moeda. Quem ainda confia neste governo? Nossa moeda é uma medida da seriedade dos nossos governantes.